Bancos podem ganhar US$ 44 bilhões por ano ao financiar economia de baixo carbono, aponta estudo

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Com os impactos cada vez maiores das mudanças climáticas, novos investimentos avançam para garantir a transição para uma economia de baixo carbono. O setor financeiro deve ser a área com maior protagonismo nessa jornada, aponta uma pesquisa da consultoria estratégica Bain & Company, divulgada com exclusividade à EXAME.

As instituições financeiras serão as responsáveis pelo maior volume de investimentos para garantir a redução das emissões de carbono, de acordo com a análise. Até 2030, os financiamentos a partir de bancos devem atingir US$ 600 bilhões. Outros setores, como o industrial e governos, devem investir US$ 430 bilhões e US$ 350 bilhões, respectivamente.

Na América do Sul, as instituições financeiras devem receber US$ 3,7 bilhões; os asiáticos receberão US$ 8,4 bilhões; os europeus, US$ 7 bilhões; e os do Oriente Médio e África, US$ 5,5 bilhões.

De acordo com o sócio da Bain & Company, Silvio Marote, o cenário no Brasil se diferencia do internacional: enquanto países europeus buscam financiamentos para acelerar sua mudança na matriz de emissões dos setores de energia e transporte, o maior causador de emissões na economia brasileira atualmente é o agronegócio, a partir das alterações do solo.

“O Brasil tem desafio maior nisso, e dada a importância desse tema na economia, o agronegócio também tem sido o setor com que os bancos têm trabalhado mais. Não apenas por não trabalhar com clientes que não cumprem a legislação, mas também fornecendo instrumentos para apoiar o setor na transição, como financiando práticas de agricultura e criação de gado com menor taxa de emissões de carbono”, explicou Silvio Marote.

Nature-based Solutions

O especialista aponta que a criação de soluções baseadas na natureza para “manter a floresta em pé e reflorestar o que foi desmatado” também é um dos incentivos dos bancos no País. “Muito do que é necessário das empresas brasileiras e do setor financeiro, especificamente, já está acontecendo. A instituição financeira que não embarcar nessa jornada vai ser prejudicada”, conta sobre o estágio atual da transição.

O ponto de partida do mercado brasileiro na transição já é mais avançado do que outras nações, de acordo com Marote. “Temos uma matriz energética 82% limpa, e muito tem sido investido na energia solar e eólica. O que precisamos avançar é em frotas e fábricas menos emissoras”, explica.

A relação entre investimentos públicos e privados também foi analisada pelo sócio. Investimentos de risco ou em casos em que se é difícil avaliar o retorno acabam afastando investidores, desafio financeiro que é compensado por fontes governamentais. “O governo tem instituições financeiras próprias, com orçamentos e formas independentes. Nesse sentido, um investimento de maior risco, que atrai menos o setor privado, tem maior apetite do público ou público-privado”, conta.

Como bancos podem mudar a matriz de emissões?

A Bain & Company ainda indica passos para que os bancos invistam mais na redução de CO2 de seus clientes, ação considerada essencial para a nova economia. “Se uma instituição financeira não tem a capacidade de ajudar uma empresa a transicionar, ela nem vai ser chamada para a mesa de debate. Os bancos se beneficiam também dessa jornada, e não embarcar nela significa não estar capacitado e habilitado”, conta Marote.

  • Mapear as demandas por setor, localização geográfica, tipo de financiamento e perfil de cliente;
  • Focar nas oportunidades com maior potencial, considerando os atuais investimentos de capital dos clientes;
  • Analisar as ofertas disponíveis em cada segmento e determinar os ajustes necessários;
  • Ajustar produtos e consultorias para alinhar com as metas de transição dos clientes;
  • Desenvolver as competências dos colaboradores para criar propostas diferenciadas.

Com informações da Exame.com