Equipamento de Proteção Individual (EPI’s) em Saúde Mental já!

0
94

A jornalista Izabella Camargo, vem difundindo inteligentemente a amplitude do termo EPI’s, como estratégia de cuidado com a saúde emocional e mental, convocando as pessoas físicas e jurídicas ao diálogo sadio em prol do bem-estar satisfatório e justo nas relações de trabalho.

A referida sigla é bem conhecida pelos trabalhadores que atuam em atividades com risco de acidentes físicos ou quando a atividade laborativa requer o uso de acessórios que visem garantir a sua segurança e de outrem, por exemplo, os atendimentos oferecidos pela saúde e profissionais da construção civil. O termo, portanto, se traduz em um conjunto de dispositivos de Proteção Individual de Acidentes salutares para a redução de danos e riscos.

Conforme as Normas Regulamentadoras (NRs) estabelecidas pela Portaria N.° 3.214/78, as máscaras, os óculos, as luvas, os capotes, os capacetes e as botas, são exemplos de itens que devem ser disponibilizados gratuitamente e fiscalizados o seu uso pela empresa, conforme ditam os artigos 166 e 167 da CLT.

A comunicadora usufrui da arte da oratória para nos ressaltar que a sua experiência profissional e currículo exitoso, lhe levou a atuar na Rede Globo. Todavia, sua trajetória foi marcada pelo esgotamento mental, consequência do ritmo acelerado e automatizado que a humanidade vive e que mídia passou a servir, segundo os filósofos Zygmunt Bauman e Byung-Chul Han ao propagar ideais de uma economia moral capitalista, onde o bem-estar é desprovido de conteúdo, com elementos de fácil absorção e descarte.

Assim a jornalista convida a refletir sobre temas simples como o autocuidado, a responsabilidade em desenvolver ações que atendam as diretrizes de prevenção organizacional e de cada cidadão, contribuindo para o fortalecimento de uma cultura em prol da Saúde Mental, semelhante aos pensamentos do criador da Campanha Janeiro Branco, Leonardo Abraão e do CVV-188 que propõe novas estratégias de cuidado e de valorização da vida.

É perceptível neste mês alusivo a prevenção ao fenômeno suicídio, que as empresas e instituições públicas e privadas demonstram-se sensíveis ao tema qualidade de vida, tornando-se pertinente questionarmos os líderes e colaboradores sobre como compreendem os riscos, a prevenção e estratégias de redução de danos relativos aos sofrimentos psíquicos.

Ao sensibilizarmos a todos que as emoções e sentimentos influenciam o clima organizacional e a qualidade de vida dos trabalhadores, conseguimos, conforme sugere Camargo, propiciar um campo de reflexão crítico sobre um possível projeto de convivência pautado em uma comunicação sadia em que se respeite as dores, as fragilidades cotidianas individuais ou da categoria.

Caro leitor, vale destacar que as bases destas intervenções estão descritas na Lei 14.457/22, ao estabelecer que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes-CIPA deve contemplar de forma mais ampla as possíveis vulnerabilidades que a força de trabalho encontra-se exposta, assim o acolhimento que ultrapassa os riscos físicos e os que compõem a saúde ambiental destes espaços artificiais, e passam a verificar com a perspectiva de cuidado o nível de esforço e desgaste psicológico que o trabalhador tem diante das questões sociais.

Dentre elas, as temáticas envolvem o gênero, as desigualdades das jornadas de trabalho, aqui o incluo o cuidar do lar, visto como “não-trabalho”, além dos paradigmas referentes a raça e religiosidade que de forma velada surgem nas relações interpessoais e podem ocasionar atos que configuram assédio moral e sexual.

As organizações, por sua vez, passam a observar os benefícios no clima organizacional com a diminuição do absenteísmo e turnover, no comportamento trapaceiro e desleixado em realizar tarefas simples onde a produtividade e a concentração é necessária, além é claro de garantir a satisfação individual e coletiva de transformar o trabalho a serviço dos propósitos de vidas.

Como Izabella Camargo afirma, existem “dores mensageiras” que, na minha experiência profissional, servem de sinais de alerta ou indícios de assédio, demostrando que zonas de riscos existem no ambiente de trabalho.

Afinal, acredito que tal contexto de vulnerabilidades e desconhecimento, são motivos suficientes para que as emoções e sentimentos sejam preservados, compreendidos e cuidados a todo instante, sejam por intermédio de protocolos, estratégias de acolhimento e psicoeducação ou dispositivos de proteção individualizados e coletivos, pois como a comunicadora acima nos diz “ninguém saí de casa para adoecer no trabalho”.

Com informações de Ruy Ribeiro Moraes Cruz – Psicólogo, Advogado e Mestre pela UFRN em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde, publicado na Editoria Opinião do Jornal O Imparcial, desta sexta-feira (20).