Impactos das redes sociais na saúde mental é tema de palestra no MPMA
A palestra “O duplo impacto das redes sociais na saúde mental e na produtividade” foi apresentada pela psicóloga Ana Flávia da Hora, na manhã desta sexta-feira, 9, no auditório do Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão. Promovida pelo Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e Cidadania (CAO-DH), a atividade integra a campanha do Setembro Amarelo, apoiada pela instituição. Membros e servidores do MPMA, além de professores e estudantes do Centro de Ensino João Lisboa acompanharam a explanação.
Na abertura, o coordenador do CAO-DH, promotor de justiça Marco Aurélio Ramos Fonseca, destacou que a atividade tem o objetivo de levantar os impactos positivos e negativos que as redes sociais causam na vida das pessoas, especialmente nos jovens. “A tecnologia é um passo sem retorno, porque hoje não conseguimos viver sem acesso à tecnologia. Mas, precisamos entender que quem manda somos nós. As redes sociais não podem ser os demarcadores de nossas vidas. Com a nossa cultura e nossas vivências, podemos fazer com que essas redes possam ser frutíferas e positivas”, enfatizou.
Ana Flávia da Hora, que é coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Ceuma, iniciou a palestra reafirmando que hoje em dia a Internet, a cibercultura, é uma realidade consolidada. “Hoje, como foi dito anteriormente, o celular se tornou basicamente uma extensão do nosso corpo. Se a gente parar para pensar, veremos o quanto nos tornamos viciados nesse acesso e não tomamos consciência disso”, enfatizou.
Algumas das mudanças promovidas pelo acesso à Internet, destacadas pela palestrante, foi o rompimento das fronteiras, porque informações podem ser repassadas, em tempo real, para qualquer parte do mundo, além do acesso a todos os tipos de informações de forma imediata, que antes demandavam tempo e, muitas vezes, só eram encontradas em livros ou em bibliotecas.
Para exemplificar a intensa imersão da população mundial no mundo digital, ela apresentou dados sobre o uso e celulares e do acesso às redes sociais no mundo inteiro, apontando que 5,04 bilhões de pessoas, de um total de 8,08 bilhões, estão inscritas em alguma rede social na atualidade.
Porém, a psicóloga alertou que o acesso, a comunicação e a troca de informações virtuais não contribuem necessariamente para o bem-estar das pessoas, especialmente se forrem usadas excessivamente. “Teoricamente deveríamos estar mais próximos, mais conectados, mas o isolamento, o sentimento de inadequação e de solidão, têm aumentado, influenciando os índices de depressão e ansiedade”, destacou, citando o filósofo Pierre Levy, autor do livro Cibercultura, publicado em 1999, como precursor da ideia de que a Internet mudaria para sempre as formas de conexão entre as pessoas.
A palestrante também afirmou que as redes sociais promovem efeitos positivos na mente humana, provocando a liberação da dopamina, substância relativa ao bem-estar. Porém, pode provocar dependência, tomando um tempo precioso do cotidiano das pessoas e prejudicando a saúde mental. “O que era prazeroso se torna um vício. A gente acaba condicionado”, disse.
Para exemplificar o duplo efeito na produtividade exercido pelas redes sociais, a professora apresentou um quadro apontando as contradições, os pontos positivos e negativos do acesso às redes: como informação versus sobrecarga; recursos versus procrastinação; suporte social versus isolamento e networking versus desconexão.
E completou: “A gente observa as redes sociais como um fator de risco para a nossa saúde mental”.
Por último, apresentou alguns cuidados que todos devem tomar para fazer um uso equilibrado da Internet e especialmente das redes sociais: estabelecer limites claros; cultivar conexões significativas; selecionar o conteúdo consumido; uso consciente; autocuidado e desconexão. “A gente precisa ter pausas para realmente descansar. Vá à praia, desconecte-se e viva o aqui e agora. Deixe o mundo virtual à parte. Então, saber a hora de parar é uma forma de amor próprio, de autocuidado”, concluiu.
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